quarta-feira, 9 de abril de 2014

A chegada de Caetano...

Caetano nasceu dia 7 de março, sem dúvida foi a experiência mais intensa e profunda que já vivi. Nossa, faz 1 mês, mas só agora consegui assimilar, sentar e escrever sobre essa noite/dia. Foi um “tsunami” de emoções. Já adianto que não foi o parto que eu sempre imaginei que seria. Eu achava, desejava e mentalizava que seria um parto rápido e indolor… doce ilusão, doeu, foi longo, mas foi LINDO e transformador…!
No dia 6 de março completamos 38 semanas, foi uma gravidez tranquila, graças a Deus. Um pouco cansativa no final, pois nos mudamos com 7/8 meses, mas MARAVILHOSA, é uma delícia curtir a gravidez com o filho mais velho!
Pelas 17 horas o marido veio me buscar para irmos na obstetra, Dra. Karla Simon Brouwers. Do caminho do meu apartamento até o carro, eu senti umas contrações fortes. Mas até então não sabia dizer se eram realmente fortes, sabia que eram mais doloridas do que as que eu vinha sentindo. Quando entrei no carro falei: ” É hoje que nasce nosso filho, amor!” E ele riu! É engraçado, mas acredito que sabemos quando é a hora! Nunca tinha dito/pensado isso antes…mas parecia que algo dentro de mim já sabia que era aquele dia que Caetano chegaria. #emoção
Antes da consulta fomos no laboratório fazer o exame de estreptococos stractos, exame importante para detectar a presença de bactéria, e quando é positivo, temos que usar antibiótico (soro) durante o trabalho de parto.
Chegando na Dra. Karla conversamos e fizemos o exame do toque, já estava com 2cm de dilatação, e o bebê encaixado. É… o corpo estava se preparando para a hora do nascimento. Eu queria conhecer logo o outro guri da minha vida, mas queria descansar o máximo, até o dia do nascimento! #coisasdemãe Mesmo com 2cm e bebê encaixado, sabia que poderia demorar semanas ainda, poderia ser como o Antônio que nasceu de 40 semanas!
Assim que saí do consultório as contrações ficaram cada vez mais fortes e frequentes. Mas ainda não queria calcular o tempo, queria apenas sentir, deixar fluir.Então fomos ao shopping comprar mais um pijama para a maternidade, e tentar tirar o foco das contrações… que estavam cada vez mais frequentes, e fortes. Era fato, eu estava em trabalho de parto e no shopping! Me mantive super calma…só esperando a hora dele. Depois de resolvermos a questão pijama fomos buscar minha mãe e o Antônio que estavam na casa da minha avó.
Quando cheguei lá, as contrações ficaram mais fortes ainda. Foi a primeira vez que me deu vontade de chorar (e chorei)! Liguei para a Kika, minha doula querida, e contei o que estava sentindo,e que queria que ela fosse para minha casa para nos ver!
Desde que soube da gravidez, meu desejo era ficar em casa o máximo de tempo possível. Queria sentir as dores, deixar meu corpo agir. Assim que chegamos em casa terminei de arrumar a mala da maternidade e as roupinhas do Caetano! Sim, mãe de segunda viagem deixa tudo para última hora! #soudessas E depois fui para o chuveiro tentar relaxar.
Assim que a Kika(doula) chegou ficamos fazendo uns exercícios na bola, ela fez muitas massagens maravilhosas e ensinou o maridão. Estava tudo tranquilo, eu estava calma, ansiosa, mas calma!
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Começamos a “contar” as contrações, o tempo, a duração… que estavam super regulares, e cada vez mais fortes. Já estavam de 4 em 4 minutos com duração de 40/50 segundos.


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Naquele dia não tinha comido direito, a Kika me sugeriu que comesse algo, para me dar energia no trabalho de parto! Mas nada me apetecia. Até que tive a ideia de comer manga… minha mãe prontamente cortou uns pedaços de manga, me deu uma garrafinha de água de coco e fui em alimentando aos poucos!
Procurava a posição perfeita sempre que vinham as contrações, ora agachava, ora rebolava na bola, ora gemia, ora rezava…! A bola era a melhor posição, onde me sentia realmente confortável e sem dor, mesmo durante as contrações!
Numa das minhas agachadas, adivinha só? Voltou toda a manga… isso mesmo, eu vomitei 3 vezes! Lembro da minha mãe entrar no quarto com balde e rodo, limpando tudo… foi quando vi no rosto dela que estava um pouco preocupada.
Nessa hora achei que estava quase na hora, e falei para a Kika(doula0 que queria ir para o hospital logo. Estava com muitas dores e medos!
Como moramos em Canoas, e o hospital é em Porto Alegre, achei melhor ir logo … demoramos uns 45 minutos para chegar no Hospital Divina Providência. Eu não tenho nada contra hospitais, pelo contrário, é um ambiente que me deixa segura, principalmente estando com minha equipe de parto!
No caminho ligamos para a obstetra, que também foi para o hospital. Assim que cheguei fui para a triagem, eles monitoraram a pressão, os batimentos do baby… até a chegada da médica.

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Esse tempo esperando a Dra Karla passou tão devagar… fiquei sozinha na sala, sem marido, nem doula…até que minha obstetra chegou por volta da 1:30. E logo fez o exame do toque! Claro que eu estava torcendo para já estar com 9cm, quase parindo! #hehehe #aloka #apositiva #polyana Mas na realidade estava com 5cm!
Uhuuu não estava com 9cm, mas já tinha ido metade do caminho! Pensamento POSITIVO e logo estaria com Caê nos braços!
Fomos para a sala de parto, com luzes baixas, ar condicionado fraco, ambiente silencioso… Queria deixar fluir o trabalho de parto, tentar relaxar, sentir as contrações… eu sabia que meu corpo saberia parir!
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As dores ficavam cada vez mais fortes, na minha cabeça, quanto mais forte, mais perto estaria de conhecer o Caetano. Foi quando a Dra Karla fez novamente o exame de toque e já estava com 6cm!
Estava feliz, a dilatação estava evoluindo, porém comecei a me sentir super cansada!!!
Sempre me achei FORTE para dores, porém comecei a sentir muuuuuuuita dor! Algo que não conseguia controlar e já estava deixando me controlar! Já era umas 3 da manhã…
Não conseguia mais caminhar, agachar, rebolar…tinha vontade de dormir! Sério, em pleno trabalho de parto ativo… pode isso? Eu só queria minha cama, um cobertor quentinho, pois sentia muito frio e tremia!
Sempre fui uma pessoa carinhosa, ADORO CARINHO, ADORO ABRAÇO, ADORO BEIJOS… inclusive foi um dos motivos por ter escolhido a Kika para ser minha doula, é o seu jeito fofo de ser, de apoiar! Senti isso no nosso primeiro encontro! Mas na hora do trabalho de parto eu não queria que ninguém encostasse em mim, não queria abraços, nem beijos, queria que acabasse logo! Comecei a me transformar… nem eu me reconhecia, xingava alguém, logo pedia desculpa, mas era mais forte que eu, tudo me incomodava!
Para minha alegria nos mudaram de sala de parto e fomos para uma que tinha chuveiro… ahhh, eu só pensava no chuveiro para relaxar! Tudo que sempre pensei durante a gestação…que o chuveiro seria meu melhor amigo!
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Entrei no chuveiro, mas não consegui relaxar por muito tempo! #pohan A Kika me apoiou muito, estava sempre do meu lado me sugerindo posições para relaxar, fazendo massagens nas costas e me dando força. Algumas vezes nem a escutava, só tinha vontade de gritar…de chorar, de tirar aquela dor de mim!
Eu perdi a noção do tempo, das horas, por mais que queira me lembrar…não vou conseguir! O que sei é que uma mãe que chegou na mesma hora que eu na maternidade, com os mesmos 5cm que eu, pariu às 3:30 da manhã, com a minha médica… e às 3:30 eu estava beeem longe de parir! #hehehe #porqueeunãoparia?
Eu estava cada vez mais cansada, hoje percebo que também estava desacreditada…com medos… Os meus medos que ouvi a vida toda começaram a me atormentar! Estava com medo da tal ruptura uterina após cesárea…medo de morrer e deixar dois filhos! AFFE! Ah, como eu tenho vontade de parir de novo, sei que tudo seria diferente agora!
Até as contrações começaram a espaçar, parecia que o trabalho de parto estava “parando”. Mas as dores não paravam… Então a minha obstetra sugeriu que rompesse a bolsa. Logo eu que não queria intervenções, queria que tudo fosse o mais natural possível, mas já estava há muito tempo em trabalho de parto, queria acelerar o processo, era a hora!
Depois de pensar … topei, e a Karla rompeu a bolsa! Me assustei com o tamanho da “agulha de croché” para romper, gritei de novo, não queria que ninguém encostasse em mim, era mais forte do que eu. Mas deu tudo certo, e aos poucos as contrações voltaram a mil…! Então chorei…chorei de dor, de medo, de cansaço e frustração comigo mesma! Ahhh, como não conseguia parir? E mais uma vez eu rezei e pedi a Deus que me desse forças, que me ajudasse a trazer o guri ao mundo!
Como tive o Antônio de cesárea não queria/deveria induzir com ocitocina, nem fazer anestesia. Mas a DOR ERA MUITO GRANDE, não queria que ninguém encostasse na minha barriga, não queria fazer o exame do toque, não queria agachar, não queria rebolar…queria dormir, precisava dormir! QUERIA PARIR! Foi quando me ofereceram glicose na veia para dar energia, e eu topei! E depois disso, pedi/implorei por anestesia!
A minha doula me lembrou que não queria anestesia, que coloquei no meu plano de parto que não queria anestesia depois dos 5cm. Já estava com 7 para 8cm! Mas eu disse para ela que queria muito anestesia… que precisava descansar um pouco, que precisava não sentir dor, que não estava mais aguentando!
Então a Dra. Karla chamou a anestesista! Foi quando pelas 8:00 eu fiz a anestesia,eu lembro que olhei no relógio e já era de manhã. Dormi até às 8:20, sem dor, foi MARAVILHOSO! Mas quando acordei já sentia todas as dores novamente, acho que a anestesista me enrolou e deu só um pouco, pois pensava que depois de fazer a anestesia nunca mais sentiria dor…. não é assim?
Esses 20 minutos de sono, mais a glicose me deram ENERGIA suficiente para começar a ser a protagonista do meu parto! Resolvi que teria que deixar a natureza agir, mas que teria que fazer minha parte! Já estava mais de 12 horas em trabalho de parto, com contrações regulares… Tinha que fazer alguma coisa para esse guri nascer! O Parto Normal foi minha escolha, e comecei a escutar os profissionais que estavam ali para ajudar! Comecei a agachar para ele descer, já que estava quase toda dilatada, porém ele ainda estava BEM alto. Eu sabia que a melhor maneira para ele descer era agachando durante as contrações, mas era a maneira que eu mais sentia dor… E como era difícil lidar com a dor!
Esse momento eu já não queria mais saber de ninguém, me conectei ao meu marido e começamos a agachar como se fossemos um só… A cada contração ele agachava comigo, me apoiava, falava palavras de apoio, me incentivando…e encorajando!
Por alguns momentos cheguei a pensar que não conseguiria, que parto normal não é para todas…. Estava quase me conformando que teria que fazer uma cesárea. Mas de repente eu estava toda dilatada, porém o bebê continuava alto. OH, CÉUS!
Já era umas 10:00, estava novamente cansada…mas comecei a sentir ele descer! Sempre que agachava, entre as contrações, sentia um líquido escorrendo e ele descendo… Finalmente comecei a sentir a “dor boa”! Aquela dor que você sabe que está chegando a hora. Comecei a perceber a descida dele, e quase sentir ele lá embaixo … Agora eu queria agachar!
Foi quanto fui para a cama de parto, foi a posição mais confortável para mim. Não queria ficar de cócoras, não conseguia relaxar. Mas estava com medo novamente… medo de fazer cocô na frente do marido, da médica e da doula… medo de não conseguir, de não ter força, de não saber o que fazer… e de repente, mandei esse medo embora e resolvi que iria parir! Que iria fazer o que tivesse que ser feito, e comecei a fazer força em cada contração!!!!!!!!!!!!
Cada contração era uma oportunidade a mais de trazer ele ao mundo! Nos relatos que eu li durante a gravidez, e em alguns vídeos que assisti, a mãe fazia 2 ou 3 forças e o bebê nascia. Porém eu já tinha feito mais de 10 forças e nada. A frustração batia a porta novamente. Mas cada vez eu me fortalecia mais, cada vez eu acreditava mais em mim. E de repente só ouvi o marido dizer que estava vendo os cabelinhos dele… que eu tinha que fazer mais força, que logo ele nasceria. Depois disso fiz algumas forças e, de repente, numa força única, na maior força que já fiz até hoje, senti ele sair, senti a cabeça, os ombros e o corpinho saírem ao mesmo tempo!
Caetano veio direto para meus braços! Ele chorou pouco, um choro calmo, sereno. Logo olhou nos meus olhos, acreditem! Parecia que estava assimilando a voz que ouvira durante os 9 meses, e relacionando com o meu rosto. Ficamos durante um bom tempo juntos, e eu ainda sem acreditar que ele saiu de dentro de mim, que eu tinha feito ele sair.  Que eu tinha conseguido!

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Não chorei, só sentia alegria e vontade de agradecer a Deus por aquele momento! Entrei num estado de êxtase! Assim que o coração parou de pulsar o marido cortou o cordão e acompanhou ele com a pediatra.
Ele nasceu medindo 51,5cm e pesando 3.500kg, com APGAR 10 – 10, a cara do Antônio, porém com cabelo mais pretinho! LINDO, LINDO!
Alguns minutos se passaram, estava na hora da placenta sair. Fiquei tensa, pois já tinha lido que a saída da placenta podia ser dolorida. Mas cá entre nós, não dói nada, não tem comparação com o parto e estamos tão extasiadas que nem sentimos direito sair. Pedi para ver a placenta, e até tiramos foto de tão linda que ela é… #hehehehe
A Dra Karla analisou se precisava de uns pontinhos, já que não fiz episiotomia, ela deu uns pontinhos, pois lacerou!
Toda a dor sumiu, era só prazer, era só emoção, era só força! Me senti capaz de TUDO! E tenho essa sensação até hoje, depois de parir me sinto capaz de fazer qualquer coisa! Não precisava provar nada para ninguém, já tinha provado para mim mesma que era capaz de parir!
E hoje só tenho a agradecer por todas as pessoas que fizeram parte desse dia tão especial, que acreditaram em mim mesmo quando eu desacreditei!
Primeiramente meu MUITO OBRIGADA ao Guto, pela família que formamos juntos, por ter sido tão companheiro, amigo e quase ter parido comigo durante o trabalho de parto! Obrigada Dra Karla, minha obstetra pelo profissionalismo, pelo apoio ao parto que eu sonhava, pela paciência e pelo carinho antes, durante e depois do parto! Obrigada Kika, minha doula, pelo carinho, pelas massagens, apoio , fotos, pelo amor ao parto e ao nascimento, por TUDO! Obrigada a anestesista querida que me proporcionou uns minutos sem dor! Obrigada Fê Alves, pelas fotos surpresa do Caê! Obrigada a vocês pelo apoio e paciência comigo, já que demorei 1 mês parra terminar o longo relato de parto. E para quem leu até o final, espero que ele inspire e que muitas de vocês tenham coragem de PARIR, TENHAM VONTADE DE PARIR, mesmo depois de cesárea… é muito possível e foi a melhor escolha que fiz!

Beijos, Angi #descabelada #parideira #feliz
(Angi Simon é autora do blog Mãe de Guri, e quem me indicou a ela foi a Ana Paula Soares, a quem acompanhei na chegada de sua Alice. Doulanda indicando doulanda  tem um gostinho tão especia, sabe? Adorei fazer parte dessa história...Caetano é um amado, e essa família é linda!)
Beijos a todos,
KikaDoula