terça-feira, 25 de junho de 2013

O sonho da amamentação.

Atendendo a pedidos da minha super amiga-irmã-confidente-enfermeira Nikole Dallasta (que atualmente reside em Carazinho-RS), hoje vou falar sobre amamentação.Vamos lá...
Bom, antes de tudo quero deixar claro que amamentar seu filho é sempre a melhor escolha, e isso não é apenas a minha opinião, mas também é a recomendação da OMS. Nesse link vocês podem encontrar informações válidas e reconhecidas para embasar esse post.
Quero também entrar no mérito das primeiras dificuldades para amamentar. 
Sim, elas existem...e aquelas lindas propagandas de bebês recém-nascidos mamando  com suas mães sorrindo não condizem exatamente com a realidade.
Amamentar é para os fortes...ou melhor, para AS fortes.
Vou dar aqui dicas simples e baratas para facilitar esse processo, baseadas em pesquisas e experiências pessoais ou de pessoas próximas. 
Vamos por partes:
1) Prepare seus seios para amamentar(caso essa seja a sua escolha-espero que seja). Como? Medidas simples como não passar hidratante nas auréolas durante a gestação são uma boa pedida, visto que a ideia é que elas não fiquem macias, mas "grossas" para receber as sugadas(nada sutis) de um bebê que recém chegou ao mundo. É bacana também usar bucha vegetal nessa região dos seios na gestação(funciona tipo  uma esfoliação bruta), ou, se doer muito(só no começo, depois você vai acostumar), esfregar uma toalha bem felpuda.  Pegar sol nos seios é recomendado, mas confesso que nunca fiz .
2) Quando o bebê nasce, leve-o ao peito imediatamente. Ele vai ter acesso ao colostro. Colostro ainda não é o leite propriamente dito, mas um fluido riquíssimo em água, proteínas, sais minerais e, principalmente, anticorpos conhecidos como imunoglobulinas, que fortalecem o  sistema imunológico do bebê, protegendo-o de infecções e viroses. Esse primeiro "leite" é conhecido também como a primeira vacina do bebê, e é de vital importância. Muitas mães se assustam com sua coloração e consistência(muito viscosa e fluida), e acabam pensando que seu leite é "fraco", mas isso é pura falta de informação.
3) O começo da amamentação não é um conto de fadas(quase nunca). Seus seios podem doer, arder, e até rachar, e sim, isso é mais comum do que se imagina. Para isso, pode-se recorrer a métodos de alívio naturais para cicatrização (o próprio leite, se passado no bico do seio depois das mamadas, funciona suuuper bem), óleos que encontramos em farmácia (óleo Dersani é in-crí-vel) ou ainda, em casos mais graves onde há alguma inflamação ou algo do gênero, uma pomadinha mágica chamada Omcilon (com essa, tenha o cuidado de lavá-la antes da próxima mamada, pois o bebê não pode ingeri-la).
 Agora sobre regularidade das mamadas...
Sou a favor da amamentação em livre demanda. Isso não só é opinião pessoal, mas também apoiada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que orienta e dá bons motivos para que seu bebê seja alimentado sempre que quiser.
Existem um milhão de motivos para amamentar, e vou citar alguns deles aqui:
1) A mãe perde peso, e o bebê ganha peso.
Olha só que maravilha!!! Você recupera mais rapidamente seu corpo anterior à gestação e seu filho fica super bem alimentado. Amamentando exclusivamente (recomendado até os seis meses), o seu gasto calórico diário vai de 200 a 500kcal, A criança que usa fórmulas artificiais corre o risco de engordar muito, e amamentando ela não fica nem obesa, nem desnutrida.
2)Você economiza horrores(tem ideia de quanto custa uma daquelas latinhas de leite artificial para recém-nascidos???).
3)Você fica mais calma e tranquila. Isso se deve a ação de dois hormônios que agem durante o aleitamento: a prolactina( induz o corpo a produzir leite) e a oxitocina( aquele, o hormônio do prazer, lembra? Ele ajuda a ejetar o líquido da mama) Combinados, estes hormônios agem no organismo da mãe. 
4) Cria um laço fortíssimo entre a mamãe e o bebê.
(Veja bem, não estou dizendo que mães que não amamentam não tem laços de afeto com seus bebês, apenas digo que a amamentação facilita profundamente esse processo, ok?)
5) Amamentar deixa seu filho mais inteligente.
Hã? Como assim?
Assim, ó...O cérebro de um bebezinho ainda não está completamente formado.  Nos três primeiros anos  é que a quantidade de neurônios e sinapses (conexões entre neurônios) aumenta. “O leite materno tem substâncias que favorecem esse desenvolvimento”
6)Amamentar ajuda na formação da mandíbula e da língua do bebê.
Conforme a especialista em amamentação e fonoaudióloga Fabiola Costa, quando o bebê suga o peito da mãe, tem a musculatura da boca exercitada.Este tipo de exercício é muito importante, no futuro, para o desenvolvimento da fala da criança. 
Ah, outra coisa...quando você dá de mamar, seu corpo é estimulado a produzir mais leite. Ou seja, quanto mais seu bebê mama, mais leite você produz. Bacana né?
Também vale lembrar que a alimentação saudável da mãe deixa o leite saudável para o filhote, e beber bastante líquido na amamentação é bem importante.
Em alguns casos,nas mamães de cesárea eletiva, o leite custa a "descer". Isso se deve ao fato de que  durante o trabalho de parto, o organismo da mulher libera os hormônios ocitocina e prolactina, que facilitam a descida do leite. (cito especificamente cesáreas eletivas porque geralmente ocorrem antes que o corpo da mulher dê qualquer sinal de que o bebê está pronto para nascer, e nesses casos, o trabalho de parto ainda não deu início. Sendo assim, esses hormônios podem ainda não ter sido liberados, mas isso não é uma regra...). Em todo caso, existe um remedinho bacana(não conheço uma contra-indicação para seu uso, mas se souberem me avisem), que ajuda na "descida do leite". Chama-se  Syntocinon e é  um spray nasal de fácil aplicação.
 Existem  também,em alguns mitos bem comuns sobre amamentação, tais como:
- "Meu leite é fraco"
Gente, não existe leite fraco, tá? Leite é leite, e o seu leite é tudo que seu bebê precisa!
-"Meus peitos são pequenos, logo não vou ter leite."
O tamanho das mamas não tem absolutamente nada a ver com o fluxo de leite...mulheres com peitos pequenos podem amamentar, assim como mulheres com peitos de todos os tamanhos do universo!
-"Coloquei próteses de silicone nas mamas, não vou poder amamentar."
Mentira. Eu mesma coloquei silicone depois da minha primeira gestação e amamentei após minha segunda e terceira gestação.
-"Se não consegui amamentar meu primeiro filho, não vou conseguir amamentar o segundo."
Nada a ver...amamentação depende de esforço pessoal, apoio da família, informação ...
-"Fiz redução dos seios, não terei leite,"
Esse item  poderá, eventualmente, dificultar a amamentação, pois poderão ter sido mexidos na redução, os ductos mamários, mas vale um acompanhamento médico e uma boa dose de persistência da mamãe.
-"Minha mãe não tinha leite, eu também não vou ter."
Não existe pesquisa comprovada indicando que se a mãe não teve leite a filha não vai ter...Não é algo que se herda...

Bom, acho que consegui sanar as dúvidas mais frequentes sobre amamentação, mas vale lembrar que estar munida de apoio da família, busca por informação durante a gestação e  uma equipe bacana pra te ajudar nos primeiros momentos(obstetra, enfermeiras, técnicas de enfermagem) ajuda muito. Persistência também é palavra-chave nesse período. 
As rachaduras somem, a mamãe se acostuma, a dor inicial passa, o peito "engrossa", e fica, de tudo isso, um vínculo lindo, de algo que só você pode fazer pelo seu filho!
Afinal, maternidade consciente começa no gestar!!!

E quando me perguntam por que eu amamento, eu respondo:

Quando eu amamento, hoje, eu vejo isso:

Agora, com sua licença, vou lá, amamentar meu caçula, que aos quase 5 meses, nunca colocou na boca algo que não fosse meu leite...

Beijos a todas...

Kikadoula


segunda-feira, 17 de junho de 2013

As "desnecesáreas"...

Vamos falar sobre cesarianas?
Antes de tudo quero corrigir um erro comum.
"Meu filho nasceu de parto cesáreo".
Não, darling...cesariana não é parto. Cesariana é cirurgia.
Como todas as cirurgias do universo, há de se avaliar o risco-benefício, coisa que não tem sido feita pela maioria  dos obstetras, que vem indicando cesarianas o tempo todo, como se não houvesse amanhã.
Se você, por exemplo, gostaria de perder alguns centímetros de cintura, você tem duas alternativas:
Ou você malha e regula a alimentação, ou faz uma lipo, certo?
Se você resolve pela lipo, vai até o cirurgião plástico e espera que NO MÍNIMO ele seja honesto contigo, expondo os RISCOS da cirurgia...
Digamos que ele te diga que malhação já era, que é coisa do século passado, que lipo é bem melhor, que não tem risco nenhum, que você não vai sentir nada e que ele aconselharia essa lipo para a filha dele, de tão pouco arriscada e bem indicada...que malhar é coisa pra gente que quer passar trabalho, ninguém mais faz isso hoje em dia.
Você sai de lá com a data da operação marcada na agenda do celular, feliz da vida, pensando nas coitadas que optaram por malhar e não conheceram o médico MARAVILHOSO que você teve acesso(sortuda você,hein?).
Chega o dia marcado, você tranquiliza sua família, vai para o hospital e...bem, é uma cirurgia...tudo pode acontecer...e acontece! Você tem uma complicação absurda, um pós-operatório complicadíssimo, uma embolia pulmonar.
C...como assim, doutor?
Assim, querida...bem assim. É  uma cirurgia, não tem como não haver riscos.
 Isso vale para as cesarianas.
Sim, vale. Não adianta fazer cara feia.
Poder fazer as unhas antes de ter seu filho, não sentir absolutamente nada e marcar a data do nascimento tem lá seus contras (muitos).
A cesariana, como sempre falo e vou continuar falando aqui, é uma dádiva. Salva mamães e bebês o tempo todo. QUANDO BEM INDICADAS!
Véspera de feriadão não é indicação para cesárea.
Numerologia não é indicação para cesárea.
Disponibilidade do médico naquela data também não...nem vida sedentária da gestante, nem modernidade dos tempos, nem bebê grande demais, nem pequeno demais, nem circular de cordão(gente, essa é a mais sem noção de todas!), nem o risco de rasgar tudo "lá", nem mais um milhão de indicações rasas e insanas usadas covardemente por  ALGUNS médicos, cheios de termos técnicos, que assustam e convencem a gestante a perder a autonomia no momento mais importante de suas vidas: a chegada de um filho.
Embasando o que eu digo, cito aqui uma lista bem bacana (não minha, mas da obstetriz Ana Cristina Duarte) de reais motivos pelos quais devemos aceitar uma indicação de cesariana.
Essa é uma lista séria, e espero que vocês possam sanar suas dúvidas e entender que o parto é um evento fisiológico, e que nós, mulheres, fomos feitas e temos corpos preparados para parir por vias vaginais.
Sim, TODAS NÓS.
  
Como você gostaria de receber seu filho...assim?




Ou assim...?


Empodere-se, o parto é seu!

Abração, Kikadoula

quarta-feira, 12 de junho de 2013

"Consideramos justa toda forma de amor!". Sobre famílias adotivas...



Andei pensando em adoção.
Nunca me havia ocorrido,nunca tinha refletido sobre o tema, mas ultimamente tem acontecido.
Não tenho irmãos adotivos, e apenas um caso de adoção na família(veladíssimo), mas isso vem me despertando o interesse .
Falamos tanto em parto, em formas de nascer, em gestação, mas...quando nasce o amor de uma família adotiva?
Quando nasce a maternidade para aquelas mulheres que não podem ter filhos biológicos? Quando nasce essa mãe?
E para a criança...quando nasce o laço, o vínculo, o afeto parental?
Esse laço é maior, menor, diferente de um laço biológico?
Será?
Dia desses li um depoimento de uma mãe adotiva.
Ela dizia que começou a amar seu filho muitos anos antes de conhecê-lo. Dizia ainda que começou a amar seu filho adotivo no exato dia em que soube que esse seria seu jeito de maternar. Que esperou por essa criança, não nove meses com ela na barriga, mas 6 anos, na fila de espera da lista de adoção. Que quando ela nasceu como mãe, e quando seu filho passou a ser oficialmente seu, ela queria o que todas as mães do mundo querem ao ter seus rebentos nos braços: apenas ir pra casa com sua cria.
Quem, diante dessas palavras, pode dizer que esse amor é menor por que essa criança não saiu do ventre dessa mãe? 
Quem tem a ousadia de dizer que esse amor vale menos por que essa criança não vai ter o nariz parecido com o do pai ou os olhos da mãe?
Eu não.
Hoje em dia, como tudo, as famílias evoluíram.
Os casamentos não são mais arranjados, são por amor (em todas as suas cores).
Por que motivo então a chegada dos filhos não seria baseada em amor? Amor livre, minha gente...livre de preconceitos, de rótulos, de classe...amor. Só amor.
Fico feliz e aliviada quando vejo que o mundo hoje aceita isso, entendendo que cada um tem sua história, cada um constrói seus vínculos, cada um faz suas escolhas...e quando um casal tem dentro de si um amor que transborda, o caminho natural é que esse amor se materialize em um filho...nesse caso um filho que também carrega no peito esse mesmo amor latente, esperando alguém para recebê-lo.
Apenas algo a se pensar...






Quando o namorado também é pai...

Chegou, grande dia, 12 de junho, dia dos namorados.
Bacana né? Eu adoro!Aquelas vitrines cheias de corações pendurados, shoppings decorados, clima de romance no ar. 
"É apenas uma data comercial", dirão as radicais. Sim, é mesmo. Eu sei. Mas gosto, fazer o que?
As comemorações de dia dos namorados, para mim, dividem-se em antes e depois de termos filhos.
Antes esse dia era só nosso, fazíamos coisas de casais,tínhamos mais tempo, podíamos sair mais,enfim, vocês sabem.
Agora a coisa mudou.
Porém hoje em dia, depois de três filhos, me sinto mais "namorada" do que nunca.
Se antes podíamos dedicar nosso tempo só para nós, hoje dou valor a coisas que antes nem sequer prestava atenção.
Como moramos longe de nossos familiares e não temos babá, tempo aqui em casa é artigo de luxo. Tempo para namorar então, nem se fala.
Então precisamos driblar a rotina do dia a dia para comemorar esse dia. E isso tem um valor absurdo pra mim.
Meu dia dos namorados começou ontem, depois que colocamos o último filho na cama, com direito a fondue e carinhos extras. Quando um acordava, lá ia meu marido (lindo) atender o filhote insone,para que eu pudesse descansar.
Dormi até a hora que eu quis.
Acordei com cheiro de café pela casa.
Recebi mais mimos do que o de costume.
Ele foi ao super e comprou coisinhas gostosas para que possamos jantar juntinhos, em um clima romântico, depois que as crianças dormirem, mais tarde.
Ganhei um lindo girassol, minha flor favorita.
Ganhei um perfume que mostra como meu marido me conhece(foi o mesmo que ele me deu dia 12 de junho de 2000, nosso primeiro dia dos namorados). Fiquei emocionada.
Quando temos filhos, as comemorações são diferentes, e podem acontecer todo dia.
Quando o marido coloca as crianças na cama, dá banho para que você possa ver o final da novela, lava a louça para que você não estrague as unhas recém feitas, ou até mesmo quando o desespero bate e ele te olha com segurança, te abraça e diz que tudo vai ficar bem.
Quando namorado é marido, quando namorado é pai, ele merece ainda mais aplausos, porque cada demonstração de carinho,é batalhada , esmagadinha entre um afazer e outro, em um dia cansativo e outro...
Nesse dia dos namorados, me sinto a mais "namorada" do mundo...
Perdi uma noite badalada a dois, mas ganhei o pai dos meus filhos, meu companheiro, meu melhor amigo, que me levanta quando caio, que me dá a mão e até me leva nas costas quando fraquejo.
Obrigada, meu amor, por mais um dia dos namorados juntos...te amo pra sempre!





domingo, 9 de junho de 2013

Colo de mais x colo de menos

   Hoje entrei no facebook rapidamente para uma espiadinha e ví o post de uma amiga querida, que acabou de ganhar bebê, no qual se questionava(e pedia opiniões) sobre dar ou não dar muito colo para seu Mateus.
   Várias opiniões apareceram nesse post, e sei que as opiniões sobre isso são polêmicas e dão pano pra manga.
   A minha? Vamos lá...
   Bom...sempre dei over doses de colo por aqui. Minha filha mais velha, hoje com 5 anos, passou uns bons 13,14 meses pendurada no sling. Saía quando pedia, e aos poucos, conforme foi aprendendo a caminhar, foi preferindo se mover sozinha. Mas até os 3 anos, volta e meia ela me pedia para ficar "pendurada". E eu?       Eu pendurava ora...mesmo já estando grávida do José(meu segundo). Colocava o sling de argolas nas costas com ela pendurada, empinava minha barrigona gestante e lá me ia, enfrentando as críticas e desviando dos olhares curiosos.
   Valentina foi para a escolinha cedo, aos 4 meses. Eram outros tempos e não pude ficar em casa com ela mais tempo(sim, me culpo). Apesar dela ir apenas meio turno para a escola, em nenhum momento que antecedeu a sua ida pensei em privá-la de ficar colada em mim por saber que na escola seria diferente, que ela não teria colinho o tempo todo...Pelo contrário. Pensava que se ela não estaria comigo pelas manhãs, eu deveria então supri-la com uma "reserva extra" de dengo, de amor, de colo, para que quando estivesse longe, pudesse encarar isso com tranquilidade. 
   Não fiz nem faço diferente com meus meninos, que chegaram depois.
   Ambos viciados num colinho de mamis.
   Nem tô.
   Quando parei para escrever esse post, pensei que deveria embasar o que estou dizendo, então busquei na            Teoria da extero-gestação, o argumento que me faltava.
   Essa teoria defende que filhotes humanos são os mais frágeis dos filhotes mamíferos. Nascem sem conseguir andar sozinhos, não conseguem se alimentar sem ajuda, enxergam pouco e nem sequer sustentam a própria cabeça. Esses níveis de desenvolvimento vão sendo alcançados com o passar dos meses, nos quais tudo que o bebê precisaria na vida era de um ambiente que lembrasse o útero, no que vulgarmente se chama de quarto trimestre gestacional. É como se devêssemos "terminar de gerar" nossos bebês no colo.
   Sim, isso mesmo. A questão nem é se você deve ou não deve dar colo ao seu bebê, por esse ou aquele motivo. A questão aqui é de necessidade para desenvolvimento físico e emocional. Seu filho PRE-CI-SA de colo.
   De mais a mais, você conhece alguém que teve atraso no desenvolvimento por receber colo em excesso?
   Você conhece alguém, honestamente, que se tornou um adulto inseguro por ter ganho muito colo?
   Gente, fala sério...criança precisa de contato físico!
   Carinho, minha gente...colo é carinho! E carinho nunca é demais, né?



domingo, 2 de junho de 2013

Morre a filha e nasce a mãe.

   Quando pensamos em partos, pensamos nos aspectos fisiológicos,em que tipo de nascimento daremos aos nossos filhos, no hospital com a melhor maternidade, enfim, mil coisas.
   Mas no nascimento de um filho, há um viés que insisti em negar por muito tempo: a minha morte como filha.
   Sou mãe de três, mas só no nascimento de meu terceiro filho foi que consegui resgatar minha (nada mole) relação com a minha mãe.
   Nossa relação sempre foi delicada, confesso.
   Sempre fui do tipo questionadora. Isso sempre perturbou todos ao meu redor. Tenho quase 30 anos, e venho de uma época onde criança não tinha  vez nem voz. Isso nunca serviu pra mim, que sempre manifestei minha já latente inquietude. Sendo assim, sempre fui tida como "criança problema".
   Minha mãe, mulher ortodoxa e rígida, nunca entendeu direito o que tinha de errado com aquela menina que tanto perguntava e desafiava a tudo e a todos. Sendo assim, ela sempre tentou me "enquadrar" no que acreditava ser o melhor para mim, e tentou por toda uma vida me transformar em algo que eu jamais seria: uma menina pacata e passiva.
   Conflitamos por anos a fio, até que mudei de cidade e assumi as rédeas da minha vida.
   Alguns anos depois veio Maria Valentina, minha primeira filha.
   Depois de uma gestação cheia de conflitos psicológicos e uma solidão que arranhava por dentro, minha relação com minha mãe só piorou.
   Como eu fazia tudo por minha menina, me sentia apta a julgar minha mãe por ter me negado(aos meus olhos) esses mesmos cuidados.
   Quando nasceu meu segundo filho, o mesmo se deu.
   Foi na minha terceira gestação, ou melhor, no meu terceiro parto, que houve o grande momento que no fundo,  tanto aguardei.
   Sempre me disseram que ao termos um filho, entenderíamos nossos pais. Pois bem, precisei ter 3 filhos para que isso acontecesse.
   Minha mãe, enfermeira de uma vida toda, sempre foi categórica quanto ao parto domiciliar: era absolutamente contra. Achava ser uma irresponsabilidade, uma negligência, um risco absurdo e desnecessário.
   Quando comuniquei a todos que Benício nasceria em casa, foi aquele fuzuê. 
   Minha mãe, já que não apoiava minhas escolhas, anunciou que não estaria presente por nada nesse mundo.
   Qualquer um pensaria: ótimo, elas não se dão bem, a mãe não quer estar presente, maravilha, sem drama.
   Mas não foi assim.
   Teve drama.
   Por algum motivo que eu não entendia,eu QUERIA  minha mãe no parto.
   Queria de qualquer jeito.
   Sentia que PRE-CI-SA-VA dela naquele momento.
   No final da gestação, eu já me sentia cansada. Já não tinha mais energia para correr atrás das crianças o dia todo. Já não me sentia capaz de cuidar, principalmente do José(meu filho do meio) que ainda era um bebê, sem a ajuda de alguém.
   Minha mãe veio passar uns dias na nossa casa até o grande dia chegar, mas sempre dizendo que não gostaria de estar presente no parto. Aquilo me afligia.
   Quando o grande dia chegou, para minha surpresa, fui tomada por sentimentos novos.
   Durante o trabalho de parto, me sentia calma e confiante, mas ao mesmo tempo, me sentia capaz de me desconstruir, de ser frágil novamente perante minha mãe. 
   Senti que poderia contar com ela. 
   Pedi colo.
   Chorei.
   Ela estava lá.
   ELA ESTAVA LÁ! 
   Ela, que tantas vezes não esteve, dessa vez, estava lá por mim.
   Acompanhou o trabalho de parto e o nascimento de Benício, com toda a ternura de uma mãe que vê sua menina parir.
   Logo que Bê nasceu, reconheci em minha mãe algo novo.
   Naquele momento, depois de suprir todas as minhas carências de filha, morri. Me desfiz em pedacinhos e renasci. Renasci mais forte,dessa vez sem todas aquelas lacunas de filha.
   Renasci mãe, e desde então, respeitei a minha com todas as honras que ela merece.
   Minha mãe agora me via como mãe. Mãe forte, mamífera, suprida de amor e zelo.
   Precisei poder ser fraca para conseguir ser forte.
   E só assim pude ser mãe plenamente, e minha mãe pode ser a vó que tanto desejava ser.
   Precisei morrer como filha para nascer plenamente como mãe.